31/01/2016

Abertura


Este espaço reúne informações sobre Cid Seixas, incluindo livros, artigos, atividades acadêmicas e outros itens profissionais. Pode-se ler uma síntese biográfica, com dados do jornalista, escritor e professor universitário. O link Livros do Autor apresenta capas e informações sobre todos os livros publicados. O item Cronologia de Publicações apresenta uma listagem que se pretende completa de suas publicações. Na entrada intitulada Ler E-Books pode-se ler, gratuitamente, os livros eletrônicos publicados pelo autor. No endereço Leitura Crítica estão os dados e os textos da coluna de jornal que assinou como registro mais significativo de sua atividade crítica junto ao grande público leitor. No link Artigos pode-se ler alguns outros artigos inéditos ou publicados em diferentes meios. 
Já o endereço Sobre o autor possibilita a leitura de artigos, opiniões e outras alusões ao autor, além de entrevistas concedidas a meios como, jornal, televisão e rede digital.


Como este blog reúne um considerável número de textos produzidos pelo autor, incluindo artigos de crítica literária, para melhor localizar referências a autores, obras etc., recomenda-se utilizar o mecanismo de busca "Pesquisar", do lado direito da tela.


Cid Seixas Fraga Filho) é escritor e jornalista. Nasceu em Maragogipe, Bahia, no distrito de Nagé. Aprendeu as primeiras letras em um livro de recortes preparado pela sua mãe, a professora Maria de Lourdes Fraga, ainda em Nagé. Cursou o primeiro grau na Escola Estadual Conselheiro Antonio Rebouças e no Ginásio Simões Filho, em Maragogipe, fundado pelo seu tio, professor Gerson Silva e pelo seu pai, o líder político local Cid Seixas Fraga. Aos 15 anos mudou-se para Salvador, onde completou o segundo grau no Colégio Estadual da Bahia, Central, e no Colégio Estadual Manuel Devoto.

A partir dos 17 anos de idade trabalhou como repórter e redator de noticiários, na Rádio Cultura da Bahia. Aos 18, ingressou do Diário de Notícias. Prestou vestibular para jornalismo, na UFBA, abandonando o curso três anos depois, quando foi registrado como jornalista profissional. Ao abandonar o bacharelado em jornalismo, cursou direção teatral na Escola de Teatro da UFBA, por apenas um ano.
Assinou colunas em jornais diários como o DN | Diário de Notícias e o Estado da Bahia. Fundou e dirigiu um dos mais qualificados suplementos literários dos anos setenta, o Jornal de Cultura, publicado pelos Diários Associados. Por cerca de três anos dedicou-se exclusivamente à televisão, atuando como apresentador e produtor de espetáculos musicais. Foi free lancer nos principais diários da capital baiana, como A Tarde, a Tribuna da Bahia e o Jornal da BahiaComo compositor, tem músicas gravadas em parceria com Batatinha, Carlos Lacerda, Fernando Lona, Edil Pacheco, Ederaldo Gentil e outros. No governo do ex-reitor Roberto Santos foi convidado para dirigir o Teatro Castro Alves, em cujo cargo permaneceu por dois anos.

É graduado em Letras Vernáculas pela Universidade Católica do Salvador, Mestre em Linguistíca pela UFBA e Doutor em Literatura pela USP. Professor Titular aposentado da Universidade Federal da Bahia, onde trabalhou ativamente na reestruturação do Mestrado em Letras e no plano inicial de implantação do Doutorado. Exerceu as funções de Vice-Chefe e de Chefe de Departamento na UFBA, bem como de Vice-Coordenador do Programa de Pós-Graduação / Mestrado e Doutorado em Letras.

Como consultor, na área de educação, elaborou currículos de graduação e pós-graduação de algumas faculdades particulares e de universidades públicas, ressaltando a plenificação dos cursos de Letras que antecederam a criação da UESB, tendo sido também contratado como consultor para implantar o Programa de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade Cultural da Universidade Estadual de Feira de Santana. Em 2009 prestou concurso para Professor Adjunto de Teoria da Literatura e Literatura Brasileira da mesma UEFS, tendo sido aprovado em primeiro lugar. Somente quatro anos depois tomou posse no cargo, mediante decisão judicial.

Além de ter colaborado com jornais e revistas especializadas – entre os quais O Estado de S. Paulo e a Colóquio, de Lisboa, – assinou por mais de quatro anos a coluna “Leitura Crítica”, no jornal A Tarde. Na área de editoração, dedica-se a planejamento editorial e projeto de livros e outras publicações. Em 2014 criou, através do CEDAP, a Editora Universitária do Livro Digital, para atuar em universidades e instituições culturais, publicando e-books para serem lidos gratuitamente. Publicou duas dezenas de livros e plaquetes, entre obras de criação, teoria e crítica, destacando-se O Espelho de Narciso (Civilização Brasileira), Triste Bahia(Coleção Letras da Bahia), O lugar da linguagem da teoria freudiana (Casa de Jorge Amado), O espelho infiel(Diadorim), O trovadorismo galaico-português (UEFS), Os riscos da cabra cega: recortes de crítica ligeira (PPgLDC) etc. Sua produção intelectual perfaz cerca de 500 títulos, incluindo livros, plaquetes, artigos etc.

Para contato: cidseixas@yahoo.com.br




Tela do premiado artista plástico e poeta Juraci Dórea, com referência ao amigo. 
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Houaiss

Linguagem, Cultura e Ideologia
em O Espelho de Narciso

Antonio Houaiss
   
1. Em atendimento dos artigos 70 e 71 do Regimento do Universidade Federal da Bahia, aqui dou meu parecer sobre O espelho de Narciso (a linguagem como ideologia cultural no idealismo e no marxismo), dissertação de mestrado de Cid Seixas Fraga Filho (Salvador – BA, abril de 1979).
1. 1 A dissertação me merece a menção de Distinção e mais não faço, porque o Regimento referido não me faculta fazê-lo.
1.2 Com isso, quero desde o início deixar patente minha admiração por várias altas qualidades manifestas na dissertação, dentre as quais realço a seqüência nas idéias, a madureza do pensamento, o espectro rico da informação e erudição, o inteligente aproveitamento das fontes a bibliografia, e a elegância da exposição.
1.3 É, entretanto, de extrema conveniência que, em cuidando o Autor de publicar em letra de forma a dissertação, proceda a uma cuidadosa revisão, pois há uns quantos deslizes materiais menores, de vária natureza, que poderão ser corrigidos, mas que, não o sendo, enfearão o texto.
2. Ao crer firmemente que a distinção conferida é merecida e remerecida, quero também deixar claro que isso não significa minha identidade de vistas, sob todos os aspectos, com as da dissertação. Nutro a esperança de que Cid Seixas não abandone a direção de estudos que tomou e a prossiga, aprofundando pontos que parecem merecer indagação mais acurada de sua parte. Afloro, a seguir, alguns com o só fim de espicaçá-lo, mas sem intuitos polêmicos ou, muito menos, professorais ou magistrais: será, antes, um diálogo entre pares de angústias e buscas (malgrado – ah! a diferença de nossas idades).
3. Cinco conceitos foram – pelo menos – basilares para a dissertação: o de linguagem (e língua e lingüística), o de ideologia (e cognição), o de cultura, o de idealismo e o de marxismo. Buscou o Autor cercar cada um por todas as quinas e esquinas e facetas possíveis, cuidando zelosamente por que seu tratamento fosse dialético e não fosse lasso.
3. É óbvio que nesta altura haja questões nesse terreno sobre as quais lavrem dúvidas e diferenças, algumas até provindas de posições metodológicas diferentes. Que o Autor veja que sentido fazem as obtemperações seguintes.
4. A análise do conceito de ideologia parece na dissertação ser usada com certa anistoricidade. É o que pode ocorrer se se admite que a “condição” do homem cognoscente (e dos homens cognoscentes e da humanidade cognoscente) seja ideológica. Nesse caso, dever-se-ia, acaso, distinguir duas ordens de ideologias: a “intrínseca” à citada condição humana e a outra – mais relevante na História stricto sensu , a que deriva da estrutura das classes sociais (e das segmentações culturais). Há três momentos da historicidade que presumem condições basicamente diferentes: o momento em que não há classes sociais, o momento em que as há (e contraditórias, e antagonísticas) e o momento em que não as haverá. A “ideologia” ou as “ideologias” que pervadem esses três momentos são da mesma qualidade que as específicas do segundo momento?
4.1 De fato, quer invocando o “conhecimento ingênuo”, o, “conhecimento científico”, o “conhecimento do bom-senso”, o “conhecimento do senso comum”, quer o “conhecimento pré-científico”, em face do “conhecimento cientifico” – invocando tudo isso pode-se, procedentemente, ressaltar a insuficiência histórica intrínseca do conhecimento, post factum. Essa impotência objetiva do conhecimento absoluto será ideologia? Metodologicamente, cobrir a eterna caminhada do fazer-conhecer com o “conhecimento relativo” na História via da verdade possível a certo nível de desenvolvimento cognitivo e com o mesmo nome para o conhecimento conflitivo provindo dos interesses e posições de classe social, isso é eventualmente equiparar com conseqüências arriscadas antes que deveriam ser estremados. Não quero negar que, em certa altura da evolução do conhecimento e em certa altura da evolução das ideologias,. aquele (o conhecimento) se pigmente mais ou menos de ideologia, a ponto de ser só ideologia em certas situações. Confundi-los, porém, pode significar que se fecha a porta de saída da História, enclausurando eternamente os homens ou nos conflitos das classes sociais ou na sua impotência de um absoluto metafísico.
5. O Autor não vacila em colocar o conceito de “cultura” e a “cultura” mesma. como superestrutural, ainda que com força, da tradição que provém de textos fundadores do marxismo, embora textos incidentes. Pergunto-me se não se está tendo, uma visão parcial de cultura e sua problemática. A antropologia (com tinturas, maiores ou menores, “ideológicas”) dos povos ditos primitivos tende a dar a “cultura” uma abrangência holística, totalizante, tomando o conceito como equivalente à totalidade das práticas, praxes e pragmáticas humanas geradoras (real ou imaginariamente) de produtos materiais e espirituais com que a comunidade, sociedade ou “nação” considerada busca reproduzir-se e mesmo aumentar-se.
5.1 Nesse caso, herda-se uma palavra prestigiosa e necessária para o conceito holístico, excluindo-lhe a semia ambígua ou elástica com que é tratada. Afinal, no geral difuso, ou cultura é tudo aquilo, da superestrutura, que não seja religião, direito, ciências, artes, artesanias, crenças, opiniões, conhecimentos populares etc. – restando não se sabe bem o que, mas restando “cultura” como um significante sem significado, ou “cultura” é tudo, menos a base.
5.2 Tomada holisticamente, cultura, é desde Aristóteles, tudo que não é natura em estado de natura. Seus estados dinâmicos ou estacionários supõem, postulam uma base ou infraestrutura e uma superestrutura, diferenciando-se esta por “de pender” (dialeticamente) daquela e evolver com ela, cuja condição de existência é sine qua nem há cultura, nem há sociedade, nem há homem: há, por isso, culturas sem músicos, ou sem dança (mas com música-dança, por exemplo), sem artes figurativas etc.; não as há, porém, sem trabalho (base) e sem... língua – e esta última hipótese, não parece viger do Homo sapiens sapiens para cá, nem de Homo sapiens para cá, mas daquilo que possa ser dito Homo – algo como dois milhões de anos para cá.
5.3 Talvez certos pontos de maior afunilamento da dissertação tivessem sido mais bem resolvidos com a presença mais conspícua de “trabalho”, que aparece, explicitamente, nas páginas 144, 185 (e notas 20 e 21) e em função de Cassirer. Se se alegar que o conceito de “práxis” compensa a ausência de “trabalho”, seria possível aceitá-lo, mas acompanhado de uma forte fundamentação.
6. Ao proceder – com apoio na conceituação de “idealismo” e “marxismo” (que deve cobrir o “materialismo dialético” e o “materialismo histórico”, o que enseja a não discussão desse tópico, por não pertinente especificamente à dissertação) – ao proceder à crítica do(s) estruturalismo(s) lingüístico(s) idealista(s), acredito que Cid Seixas tenha atingido certeiro o seu alvo. Recuperando, assim, o “conteúdo” e, mais, os usos sociais no espaço e no tempo de uma língua e das línguas, recupera também os fundamentos ontológicos graças aos quais pode, por fim, restabelecer o nexo entre língua e cultura, pois que na língua há uma segmentação ou descrição do amorfo “real” (e quiçá semântico em “estado puro”) segundo a atividade cultural, isto é, segundo a cultura dada. Ora, como as relações sociais (condicionadas pelas relações de produção) se exprimem por recursos simbólicos e semióticos, o mais importante dos quais é a língua, segue-se que há um enlace (necessário) entre língua e cultura, e entre estas duas a aquela “ideologia” transumana (potência cognitiva limitada, cognição histórico-culturalmente limitada).
6.1 É quando o aprofundamento da problemática, fascinante, deve ser feito. Em síntese, não temos como fugir ao “primeiro” momento da história humana (ver 4): nele há trabalho (base), nele há linguagem, nele há cultura (em qualquer sentido); mas nele há ideologia?
6.2 No “segundo” momento, as diferentes classes fazem dos “seus” usos da língua a vão além: a classe dominante busca fazer dos “seus” usos da língua os usos de todas as classes; estas, entretanto, não o conseguem na plenitude da vontade dominante, porque as condições de sua existência social e cultural não lhes permitem exprimir-se além das condições dessa sua existência social, por mais que suas consciências estejam dominadas ou alienadas. Que uma sociedade ou cultura do “primeiro” momento tenha uma língua (e várias linguagens) não diferenciada senão nas suas realizações contingentes em variantes indiferenciais a uma só cultura de todos os seus integrantes e uma (em instância probatória ou por conceituar) ideologia, eis aí uma tese. Que uma sociedade ou cultura do “segundo” momento tenha uma ou mais línguas e esta(s) se multiplique(m) em estratos e segmentos correspondentes às diferentes ideologias classais (com uma dominância) que “dividem” o “bolo” da cultura “nacional” ou “imperial”, eis aí outra tese. E, parece-me, são teses de difícil equiparação e mais difícil equação, a menos que se reconceituem os elementos basilares das duas teses. O que me parece não apenas sedutor, mas extremamente útil.
7. Em boa consciência, deveria eu ficar aqui, pois são as obtemperações que supunha dever propor a Cid Seixas. Há, porém, uma passagem relacionada com Stálin e a questão do estatuto da língua dentro das formações sociais dos diferentes modos de produção que me pede um reparo.
7.1 Vivi, ao tempo, a questão. E vejo-a resumida pelo Autor (apud Carlos Vogt, ao que parece) de uma forma que pode ser a versão mais conveniente da atualidade, mas não recobre a problemática de então. Então, partindo do pressuposto de que a língua de uma formação social, corrijamos, de uma formação social sob uma forma cultural dada era uma superestrutura, seguia-se – com Marr (referido pelo Autor) – que, mudando a formação social, deveria mudar a língua. E toda uma teoria desenvolvera o lingüista russo da equiparação ou adequação de línguas às diferentes formações sociais. Entrada no socialismo (pelo menos politicamente), a língua russa continuava em estado estacionário (isto é, sendo usada por todos e para todos os fins de forma que nenhuma diferença essencial relevante se consignava entre os interpsiquismos dos usos imperiais e dos usos soviéticos). O Autor aceita a interpretação das motivações políticas: Stálin, ao colocar a língua fora da base e da superestrutura, ipso facto advogava a possibilidade de sua manutenção essencial (o que não poderia ad vogar para o direito, para a literatura, para a música, para a dança, para... ). Fazia – como Celso Cunha – uma política do idioma...
7.2 Ora, aí está um problema “político” (do idioma, da língua, das línguas e dos homens, em suma) que a sociolingüística não pôde, não pode e não poderá evitar ou subestimar, pois, com ser político, não é menos humano e menos lingüístico.
7.3 Trata-se de uma problemática histórica (e lingüística e política e cultural) típica do “segundo” momento e presumivelmente – do “terceiro” momento.
7.4 Se a natureza essencial das diferenciações lingüísticas continua a constituir um enigma científico malgrado todos,os progressos científicos que no respeito têm sido feitos, as unificações lingüísticas “imperiais” e “nacionais” de dois milênios (e mais) a esta parte, têm sido quase evidentes: etnocídios e lingüicídios ou glotocídios, raramente conquistas persuasivas.
7.5 0 problema das koinés ágrafas do passado (e do presente) e o problema das línguas comuns e/ou de cultura escritas (e faladas) do presente são apaixonantes problemas de linguagem, de línguas, de ideologias e de culturas, no idealismo e no marxismo. Cid Seixas não deve descartá-los ditatorialmente...
8. Pergunto-me, por fim, se não há uma supervalorização da pessoa (e do indivíduo) do artista, nas considerações finais de Cid Seixas. Suspeito que há uma retrojeção – o que caracteriza o auge hoje desde “segundo” momento é extrapolado para a “condição” humana... É apenas uma suspeita, mas vale a pena levá-la em conta.
9. Renovo minhas felicitações a Cid Seixas. E a Rosa Virgínia Mattos e Silva vão meus parabéns sinceros pela orientação, que honra a pós-graduação da Universidade Federal da Bahia.

Antonio Houaiss

Rio de Janeiro, 15 de março de 1980

24/01/2016

Abertura 2016


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Cid Seixas Fraga Filho) é escritor e jornalista. Nasceu em Maragogipe, Bahia, no distrito de Nagé, no dia 4 de janeiro de 1948. Aprendeu as primeiras letras em um livro de recortes preparado pela sua mãe, a professora Maria de Lourdes Fraga, ainda em Nagé. Cursou o primeiro grau na Escola Estadual Conselheiro Antonio Rebouças e no Ginásio Simões Filho, em Maragogipe, fundado pelo seu tio, professor Gerson Silva e pelo seu pai, o líder político local Cid Seixas Fraga. Aos 15 anos mudou-se para Salvador, onde completou o segundo grau no Colégio Estadual da Bahia, Central, e no Colégio Estadual Manuel Devoto.

A partir dos 17 anos de idade trabalhou como repórter e redator de noticiários, na Rádio Cultura da Bahia. Aos 18, ingressou do Diário de Notícias. Prestou vestibular para jornalismo, na UFBA, abandonando o curso três anos depois, quando foi registrado como jornalista profissional, por conta de decreto governamental, após o Golpe Militar, que reconhecia o registro dos profissionais sindicalizados. Ao abandonar o bacharelado em jornalismo, cursou direção teatral na Escola de Teatro da UFBA.
Assinou colunas em jornais diários como o DN e o Estado da Bahia. Fundou e dirigiu um dos mais qualificados suplementos literários dos anos setenta, o Jornal de Cultura, publicado pelos Diários Associados. Por cerca de três anos dedicou-se exclusivamente à televisão, atuando como apresentador e produtor de espetáculos musicais. Foi free lancer nos principais diários da capital baiana, como A Tarde, a Tribuna da Bahia e o Jornal da Bahia.
Como compositor, tem músicas gravadas em parceria com Batatinha, Carlos Lacerda, Fernando Lona e outros.
No governo do ex-reitor Roberto Santos foi convidado para dirigir o Teatro Castro Alves, em cujo cargo permaneceu por dois anos.

É graduado pela Universidade Católica do Salvador, Mestre em Linguistíca pela UFBA e Doutor em Literatura pela USP. Professor Titular aposentado da Universidade Federal da Bahia, onde trabalhou ativamente na reestruturação do Mestrado em Letras e no plano inicial de implantação do Doutorado. Exerceu as funções de Vice-Chefe e de Chefe de Departamento na UFBA, bem como de Vice-Coordenador da Pós-Graduação em Letras.

Como consultor, na área de educação, elaborou currículos de graduação e pós-graduação de algumas faculdades particulares e universidades públicas, ressaltando a plenificação dos cursos de Letras que antecederam a criação da UESB, tendo sido também contratado para implantar o Programa de Pós-Graduação em Literatura e Diversidade Cultural da Universidade Estadual de Feira de Santana. Em 2009 prestou concurso para Professor Adjunto de Teoria da Literatura e Literatura Brasileira da UEFS.

Além de ter colaborado com jornais e revistas especializadas – entre os quais O Estado de S. Paulo e a Colóquio, de Lisboa, – assinou por mais de quatro anos a coluna “Leitura Crítica”, no jornal A Tarde. Na área de editoração, dedica-se a planejamento editorial e projeto de livros e outras publicações. Em 2014 criou, através do CEDAP, a Editora Universitária do Livro Digital, para atuar em universidades e instituições culturais, publicando e-books para serem lidos gratuitamente. Publicou duas dezenas de livros e plaquetes, entre obras de criação, teoria e crítica, destacando-se O Espelho de Narciso (Civilização Brasileira), Triste Bahia(Coleção Letras da Bahia), O lugar da linguagem da teoria freudiana (Casa de Jorge Amado), O espelho infiel(Diadorim), O trovadorismo galaico-português (UEFS), Os riscos da cabra cega: recortes de crítica ligeira (PPgLDC) etc. Sua produção intelectual perfaz cerca de 500 títulos, incluindo livros, plaquetes, artigos etc.

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O poeta e o romancista

O Poeta e o Romancista

Jorge Amado

   Apenas desembarco na Bahia, reencontro o poeta e o romancista, a poesia e a ficção são parte da realidade mágica da cidade, estão na praça pública o poeta Cid Seixas‚ a poesia despojada, reduzida à essência, por isso mesmo engrandecida. O romancista (e contista) Guido Guerra, no domínio completo da  arte do romance, terminou suas universidades, fez mestrado e doutorado.
        A poesia e o romance me acompanham na aventura rara do lazer, completam a praia, o mar, o rio, o coqueiral, dão sentido e conseqüência à beleza da paisagem. Dão-me a alegria da aposta ganha, do acerto no julgamento quando os dados eram ainda incompletos e a resposta duvidosa Apostei no poeta e no romancista em tempos passados, quando Cid e Guido eram jovens no início da batalha para afirmar a vocação e transforma-la em ofício: o difícil ofício do romancista, por vezes cruel, o mágico ofício do poeta, por vezes diabólico. Acertei com o poeta e com o romancista, leio os livros recentes, felicito-me, cumulado estou, na dupla qualidade de leitor e de amigo.
        Acompanho a caminhada do poeta, ensaísta e professor Cid Seixas desde os seus começos, vai tempo. O jovem intelectual trabalhava a literatura portuguesa sob a égide de Hélio Simões, um dos grandes do modernismo baiano, remanescente do "Arco & Flexa", conhecedor profundo das letras de além-mar, doce criatura. Cid iniciava igualmente a aventura fundamental da poesia que eu, naqueles antanhos, saudei na medida da emoção contida e de beleza grave. Hoje, reencontro o poeta no volume dos Fragmentos do Diário de Naufrágio, quando alcança a altura da simplicidade complexa e densa, quando o despojamento é a medida do poema. Eu o reencontro e o situo entre os primeiros, os definitivos  – o pequeno livro enche-me as medidas.
        "Arquitetura de luz tão cintilante / que a si mesma incendeia", eis a poesia de Cid Seixas. Os poetas são poetas porque sabem: Cid aprendeu a verdade e a mentira, “tecelão da matéria abstrata". Poderia citar cada verso dos poemas, nesses fragmentos o criador e o homem se definem e se revelam: "O poeta é aquele que ressurge”. Obrigado, Cid, pela beleza do pequeno livro, cujo único defeito é sair numa edição fora de comércio, de apenas cinqüenta exemplares, quando exige edição normal ao alcance de todos os leitores que desejam viver a graça da poesia.
        Obrigado, Guido Guerra, pela leitura emocionada de O Último Salão Grená, romance de um autor maduro, dono do seu ofício, experiente da vida, pleno de ternura pelos homens e pelas mulheres, um senhor ficcionista. Guido andou seu caminho com coragem e obstinação. O cronista urbano que um dia surgiu no jornal de Odorico Tavares rompendo tabus de linguagem, o tímido contista dos pequenos livros, o autor de Lili Passeata no sucesso da literatura corajosa de contestação aos milicos e à ditadura; eu o vejo hoje escritor cuja presença em nossas letras já  ninguém pode desconhecer ou discutir. Guido fez-se um verdadeiro criador de ambientes e de personagens, um criador de vida.
        Jerônimo Malaquias, jornalista e personagem, escreve, com liberdade e ao mesmo tempo com a contenção do acontecido, a história de Janete-Filomena de Jesus,  "como preferem os mais exatos” – por encomenda daquela que foi a matriarca maior e mais completa. Penso que o termo matriarca diz mais e melhor da profissão da heroína do que qualquer outra palavra, douta, feia, erudita, preconceituosa, do que qualquer palavrão. E a escreve por encomenda da própria senhora, tão digna senhora por mais indigna que a considerem.
        Dono de seu ofício, Guido Guerra, no romance maior entre quantos publicou até agora, dá uma demonstração de técnica, de domínio da arte narrativa; trata-se realmente de um jovem mestre.
        Não sei se O Último Salão Grená superará o sucesso de público de Lili Passeata, que valia, inclusive, como um comício em praça pública, empolgava. O novo romance‚ bem menos ruidoso e bem mais rico, mais difícil, mais conquistado ­­– eu diria conquistado cena a cena, frase a frase, palavra a palavra. Guido deve ter penado para construí-lo, também decerto se divertiu: construiu com humor e sangue a farsa de um pequeno mundo, recriou a vida, chorou e riu.

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(Apresentação dos livros Fragmentos do Diário de Naufrágio, de Cid Seixas, e de O Último Salão Grená, de Guido Guerra, constante dos Anais da Academia Brasileira de Letras, de 1992.)